quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Notícia Agência Lusa sobre o Outeiro do Circo


Notícia:

O sítio arqueológico do Outeiro do Circo, no concelho de Beja, foi alvo de um “ato de vandalismo”, que expôs a intempéries uma zona da área escavada, provocando danos, disse hoje à Lusa um responsável científico do projeto.

O “ato de vandalismo” detetado no passado mês de novembro no sítio, um povoado fortificado do final da Idade do Bronze, entre 1.200 e 800 a.C., situado numa área de 17 hectares que abrange as freguesias de Mombeja e Beringel, terá sido praticado por “curiosos”, que visitaram a zona escavada, admitiu o arqueológo Miguel Serra.

Ao dirigirem-se à zona, a sondagem 1, com cerca de 48 metros quadrados e que tinha sido escavada entre 2008 e 2011, os “curiosos” removeram, sem destruir, a manga plástica que cobria e protegia parte da área e estava segura por pedras e terras, que também foram removidas, explicou.

Os “curiosos” tinham “algum conhecimento” do que iam ver e terão removido as proteções para ver as escavações, porque fizeram e destaparam “exatamente o mesmo” que os responsáveis científicos do projeto costumam fazer e destapar, quando promovem visitas ao sítio, disse.

“O problema foi que não tiveram o cuidado de recolocar as proteções” e uma área “considerável” da zona escavada ficou exposta a intempéries, o que provocou o aluimento de um troço de perfil de quatro metros de comprimento no topo sul da sondagem 1, provocando “danos” na muralha, explicou.

O ato de vandalismo provocou também uma linha de fratura no solo, com cerca de dois metros, junta à área escavada, o que “coloca em risco a aproximação de pessoas ao local” e pode “provocar novo aluimento”, frisou.

Todos os vestígios arqueológicos encontrados na área escavada já tinham sido removidos, mas a situação provocou “a destruição de informação arqueológica”, que pode ser recuperada, através de novas escavações, disse.

Segundo Miguel Serra, os responsáveis do sítio comunicaram a situação à Câmara de Beja, à qual pediram apoio para limpar a área afetada e colmatar os danos provocados.

No dia 09 deste mês, disse, funcionários da Câmara de Beja limparam a área, recolocaram a manga plástica de proteção e colocaram estacas à volta da zona ligadas por fita sinalizadora, para “assinalar a localização da sondagem por questões de segurança”.

A suspensão das escavações no sítio, em agosto de 2011, devido à “falta de apoio financeiro” da Câmara de Beja, o principal parceiro, coloca “alguns problemas na área escavada”, que foi provisoriamente selada, na “expetativa” do recomeço das escavações em 2012, o que não aconteceu, disse.

“Se não for possível reunir, junto da Câmara de Beja, apoios para continuar o projeto” e as escavações continuarem suspensas, “terá de se proceder à selagem definitiva” da área escavada, para a proteger e evitar outros atos de vandalismo e danos e garantir uma maior segurança do local, defendeu.

O sítio do Outeiro do Circo, conhecido há 300 anos e que começou a ser estudado nos anos 70 do século XX, é “extraordinário” e destaca-se pela “dimensão extremamente invulgar”, disse, referindo que os grandes povoados fortificados da mesma época conhecidos no sudoeste da Península Ibérica têm uma média de quatro a cinco hectares.

 

 

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